The Corporation é um documentário canadense dirigido e produzido por Jennifer Abbott e Mark Achbar, adaptado do livro de Joel Bakan. O filme evidencia como empresas mundialmente poderosas se apresentam para a sociedade e influenciam no comportamento das pessoas/consumidores.
A Disney não é apenas o lugar perfeito da infância e dos sonhos…, ela é também uma pessoa bonachona como seu personagem Pateta! A Nike vende porque se apresenta como uma pessoa energética, esportista e vencedora, mesmo que faça uso do trabalho infantil. E, embora não seja algo esperado de uma pessoa bem-vestida como manda o figurino, passa despercebido a Monsanto já ter causado cerca de 50.000 defeitos de nascença.
Nos bastidores de muitas marcas de empresas famosas e milionárias podem ser encontradas experiências perversas com animais, destruições biológicas por toxinas e explorações desumanas. Para o roteirista e os produtores, as corporações mais poderosas atuam de modo unicamente voltado para o lucro ausentes de demais responsabilidades e passam a deixar uma marca patológica na sociedade de uma forma discreta: através da empresa/corporação, que nada mais é do que uma pessoa fictícia.
Enquanto uma pessoa física nasce com a vida, a pessoa jurídica nasce com registros em órgãos competentes e ganha o seu “traje” de empresa (personificação). Mas não basta somente a estrutura burocrática para a sua composição, pois para uma empresa existir em sociedade ela cria uma identidade para os consumidores prestarem atenção nela e necessitarem dela. Uma marca precisa ter características humanas esperadas e vistas como positivas para ser bem aceita e incentivar o consumo.
Embora o documentário traga um quadro de entrevistas com diretores de corporações como a Nike, a Shell e a IBM versus o depoimento do cineasta e documentarista Michael Moore, conhecido por bater em temas polêmicos, do filósofo e ativista político Noam Chomsky, do falecido economista acadêmico Milton Friedman, vencedor do Nobel em Ciências Econômicas e famoso por sua pesquisa sobre análise do consumo, há uma espécie de recuo diante do poder criticado no ponto em que o filme desmoraliza as falas de representantes do mundo corporativo no intuito de banalizá-los perante o ponto de vista defendido no roteiro. O campo das entrevistas foi pouco explorado, principalmente porque nesses depoimentos estaria a grande constatação do documentário. O contexto é mais complexo do que o nível explorado e apresentado nas entrevistas realizadas.
Crenças políticas, desejos, fantasias, consumo, carácter empresarial, entre outros, são temas polêmicos e importantes tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. O documentário toca em questões do mundo corporativo pela ótica da psicologia para mostrar que o desprezo pela escala humana e animal, somado à ausência de características como responsabilidade política, ambiental e social adotada por corporações influentes, caso estivessem reunidas em um único ser-humano (pessoa física), seria classificado como um psicopata – um ser que submete o outro a seu dispor e dispensa qualquer tipo de princípio – algo patológico quando uma empresa (pessoa jurídica) incorpora determinada característica mental.
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